Fonoaudiologia e covid-19

No início parecia uma doença limitada ao sistema respiratório. Logo foi se mostrando mais pervasiva, insidiosa e cruel. A covid-19 não veio para brincadeira, e escolhe suas vítimas de maneiras ainda incompreendidas pela ciência. Pessoas idosas, debilitadas e com comorbidades, muitas vezes são assintomáticas ou têm poucos sintomas, enquanto muitos jovens saudáveis têm complicações e até vêm a óbito.

As sequelas são outro drama que acompanha grande parte dos recuperados da doença, que acabam necessitando de uma série de cuidados prolongados. Fonoaudiólogos fazem parte dos profissionais  que integram equipes multi e interdisciplinares na linha de frente do combate à covid-19.

Um dos grandes perigos para quem contraiu a doença é a broncoaspiração, pela falta de coordenação entre deglutição e respiração . Isso pode ocorrer em quem precisou de intubação orotraqueal, respirando por ventilação mecânica. Após a retirada do tubo, alguns pacientes apresentam um quadro de distúrbio da deglutição. Os fonoaudiólgos atuam na correção desse tipo de problema dentro das Unidades de Terapia Intensiva dos hospitais.

Além da broncoaspiração, a sequela vocal também é recorrente, assim como perda de paladar e olfato. A fonoaudiologia tem tratado com sucesso essas demais sequelas através da laserterapia – laser vermelho e infravermelho de baixa potência – que estimula a atividade celular. Essa tecnologia complementa os exercícios fonoaudiológicos, acelerando o ganho de força e desempenho musculares nas áreas tratadas. A laserterapia também é capaz de melhorar o fluxo salivar tanto em pacientes com xerostomia (falta de saliva) quanto nos que apresentam sialorreia (excesso de saliva).

A avaliação e intervenção fonoaudiológica é bastante complexa, e envolve, dentre outras coisas, terapias diretas ou indiretas de cognição, motricidade orofacial, deglutição, e alterações na comunicação após a intubação. Os períodos finais de internação, após a intubação, não são de relaxamento, mas sim de cuidados específicos bastante intensos, de modo a afastar o risco de broncoaspiração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *